Cana-de-açúcar, o “BOOM” no Brasil
BREVE HISTÓRICO
A cultura de cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil em meados do século XVI (entre 1530-40). Portugal, entretanto sérios problemas econômicos, optam em ocupar o Brasil, iniciando a primeira atividade econômica: a atividade açucareira.
Nordeste (inicialmente Pernambuco) foi escolhida. Sua proximidade com o continente europeu e a forte demanda pelo produto foram fatores condicionantes. Até a segunda guerra mundial, a agroindústria canavieira se concentrava na região Nordeste, quando, paulatinamente, foi sendo transferida para Centro-Sul. A partir de 1950, o país passa a ser o líder mundial de produção.
Em 1975, a cana-de-açúcar assumiu uma grande importância, com sua utilização para a álcool, surgindo o PROÁLCOOL. Em função deste advento, Nordeste perde posição em relação ao Centro-Sul.
Com o Proálcool, a área de cana triplicou em menos de uma década e, para sustentar este crescimento, surgiram o Planalsucar e a Copersucar.
“Após décadas de tutela governamental, no final de 1980 registrou-se a desregulamentação do setor sucroalcooleiro, envolvendo o desmonte de Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), com diminuição do suporte governamental às usinas e destilarias”.
O Proálcool, a partir de 1988-90, começou a ser desacreditado, observando-se um desabastecimento no mercado interno. A superprodução, a tendência da baixa do preço de petróleo, novas fontes energéticas em pesquisa nos EUA e EUROPA foram os principais fatores. Em 1997, foi liberado o preço da cana-de-açúcar e do álcool hidratado.
MAIO DE 1998 – AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA CANA-DE-AÇÚCAR
A qualidade da cana fornecida às unidades produtoras de açúcar e de álcool será auferida através de análise tecnológica, em amostras coletadas no momento do seu fornecimento, visando a quantificação do Teor do Açúcar Total Recuperável (ATR). Estabelece-se aí uma nova forma de pagamento e relação do produtor com o industrial de cana.
O produto passa a ter seu valor associado ao equivalente recebido pelos produtos finais ATR. Este cálculo é feito por uma fórmula especial, onde se faz um levantamento e cômputo de indicadores representativos de preços médios relativos ao açúcar cristal, mercado interno, açúcar para exportação, álcool anidro e hidratado. Este trabalho e conduzido pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), vinculada à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Superior, da Universidade de São Paulo.
Em alagoas estabeleceu-se um convênio entre esta instituição e o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool.
“A formação do valor da tonelada de cana será estabelecida com base no Preço Médio Ponderado do ATR, calculado a partir do preço do açúcar cristal, praticado no mercado interno; do preço do demarara, praticado nos mercados mundial e americano; do preço do álcool anidro e hidratado, praticado no mercado interno livre de impostos ou frete, ou seja, na condição PVU/PVD, praticado durante todo o ano-safra (1ºset a 31 de agosto), em função da composição (MIX) da Estado de Alagoas e da curva de comercialização…”.
Buscando incentivar os fornecedores, o Grupo Carlos Lyra, paralelamente ao Sindicato, utilizando-se dos mesmos critérios, calcula o seu ATR próprio (seu Mix de produção x comercialização), repassando aos fornecedores um plus em ATR em relação ao do estado, beneficiando-os no fechamento da sua receita em agosto.
NOSSO POTENCIAL DA CANA DE AÇÚCAR
O Brasil é líder mundial nesta cultura, como maior produtor e exportador de açúcar, na álcool e na co-geração de energia a partir do bagaço da cana. Na média, 55% da cana brasileira vira álcool e 45 açúcar. O setor obtém hoje ganho de produtividade, atingindo o menor custo do mundo.
A área plantada no país para a cultura de cana-de-açúcar cresceu 18% nos últimos doze anos, tendo hoje uma área de 5.093.260 hectares (26% da área mundial cultivada com cana, que é de 19.210 ha). Neste mesmo período a produção de cana-de-açúcar cresceu em 40,0%, atingindo um total de 367 milhões de toneladas em 2002, respondendo por 25% da produção mundial.
Com 324 usinas e em torno de 60 mil produtores de cana independentes, o setor gera empregos diretos e indiretos na ordem de 1,9 milhões. pdf online . Seus últimos faturamentos anuais obtidos foram na ordem de 7 e 8 bilhões de dólares.
Paulo Jatobá
Economista